Disfunção erétil: das causas ao tratamento
A disfunção erétil é uma disfunção sexual masculina que se caracteriza pela incapacidade persistente em obter ou manter uma ereção peniana que permita um desempenho sexual satisfatório.
Quem pode sofrer de disfunção erétil?
É mais comum nas idades mais avançadas, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária.
Um estudo realizado em Portugal, mostrou que até 50% dos homens entre os 40 e os 70 anos apresentavam algum grau de disfunção erétil, podendo, essa percentagem, atingir os 85% acima dos 75 anos.
Está reconhecido que a disfunção erétil resulta numa diminuição importante da qualidade de vida, no doente e na sua parceira.
Quais são as causas da disfunção erétil?
A ereção peniana é o resultado de um fenómeno neurovascular que ocorre num ambiente hormonal e psicológico favorável. Desta forma, é necessária a integridade de todos os sistemas intervenientes.
O desenvolvimento e a manutenção de uma ereção normal requerem a ativação de vias neurológicas que:
- Relaxam o músculo liso trabecular;
- Aumentam o fluxo sanguíneo no corpo cavernoso (através das artérias cavernosas);
- Reduzem o retorno venoso colapsando as veias e permitindo assim a ereção.
Estas vias neurológicas são ativadas pelo cérebro, através de diferentes estímulos táteis, visuais, entre outros.
São também modificadas por estímulos psicológicos, como o desejo sexual e o ambiente hormonal, como a testosterona.
Assim, alterações a qualquer um desses fatores que permitem a ereção, podem levar a disfunção erétil.
As principais causas de disfunção erétil são:
- Psicogénicas – por exemplo, a ansiedade e a depressão;
- Vasculares – por exemplo, a obstrução das artérias cavernosas;
- Neurológicas – por exemplo, a secção cirúrgica dos nervos cavernosos;
- Anatómicas – por exemplo, a curvatura grave do pénis;
- Hormonais – por exemplo, o baixo nível de testosterona;
- Induzida por fármacos – por exemplo, os antidepressivos e alguns os hipotensores;
- Mista – por exemplo, vascular e psicogénica ao mesmo tempo.
Quais são os fatores de risco para a disfunção erétil?
São fatores de risco para a disfunção erétil:
- Envelhecimento;
- Obesidade;
- Diabetes mellitus;
- Dislipidemia;
- Hipertensão arterial;
- Tabagismo;
- Doença cardiovascular;
- Sedentarismo;
- Alguns medicamentos.
Como se faz o diagnóstico da disfunção erétil?
A avaliação diagnóstica inicia-se com a obtenção de uma história psicossexual o mais completa possível. Esta deve incluir:
- A descrição dos hábitos sexuais;
- O início e duração da disfunção;
- Os tratamentos prévios;
- Os resultados obtidos.
Podem ser utilizados questionários de auto-resposta, de que é exemplo o índice internacional da função erétil (IIFE).
É necessário distinguir se se trata de uma disfunção erétil circunstancial (p.e., apenas com um determinado tipo de estimulação) ou generalizada, ou seja, que se manifesta em todas as situações.
Os procedimentos de diagnóstico incluem a avaliação da tolerância do doente ao exercício, de modo a obter orientação para uma eventual avaliação cardiológica e correção de fatores de risco.
Os exames laboratoriais mais utilizados são:
- A determinação da testosterona total;
- A determinação da glicemia;
- A determinação do perfil lipídico.
Outros exames de diagnóstico que podem ser realizados são:
- A injeção peniana de vasodilatador;
- O eco-doppler das artérias cavernosas.
Qual é o tratamento da disfunção erétil?
Na maioria dos casos, é possível tratar eficazmente a disfunção erétil, não ocorrendo, no entanto, a cura definitiva.
Devem ser adotadas alterações do estilo de vida, promovendo a prática de exercício físico regular, perda de peso e a suspensão do tabagismo.
Também se deve fazer o controlo de doenças existentes que possam afetar os vasos sanguíneos e nervos que existem no pénis (p.e., diabetes mellitus e dislipidemia).
Preferencialmente, deverá ser envolvida a parceira na abordagem terapêutica, de modo a aumentar a adesão, satisfação e cumplicidade do casal no tratamento.
Opções terapêuticas para a disfunção erétil:
A terapêutica farmacológica de primeira linha é constituída por fármacos de administração oral, com elevada taxa de sucesso.
As terapêuticas de segunda linha são constituídas por métodos mais invasivos e menos cómodos, como;
- A aplicação de dispositivo de vácuo;
- A injeção peniana de fármaco vasodilatador;
- A aplicação de comprimido ou creme uretral.
A terapêutica de terceira linha é constituída pela prótese peniana, que resulta numa ereção artificial com rigidez que permite a penetração e o controlo da duração da relação sexual.
Em alguns casos, o tratamento experimental com ondas de choque de baixa intensidade, pode também ser uma opção eficaz.
Em suma:
Encarar a disfunção sexual como um tabu - para o próprio, dentro da relação ou para o médico de família - torna-a um problema subdiagnóstico e não tratado.
No entanto, estamos numa época em que existem várias opções terapêuticas disponíveis e eficazes.
Por outro lado, existe uma evidência cada vez mais importante de que a disfunção erétil pode ser uma manifestação inicial de doença coronária e doença vascular periférica. Tal, pode ser um sinal de doença cardiovascular não diagnosticada.
Autor: Dr. Bruno Graça
8 de março de 2019